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Nossa História

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REMADORAS CANOMAMA: Celebrando a Vida!

Um sonho que se sonha junto sempre se torna realidade.

A vida de uma remadora rosa no Brasil tem sido construída com labor intenso. O Brasil não tem tradição no esporte que nos ampara, afinal o Brasil é o país do futebol. Quando uma criança nasce aqui ganha uma bola e não um remo.

O início da prática de canoagem coletiva no estilo Dragon Boat nasceu há alguns anos no Brasil, empresários e ex-atleta de canoagem trouxeram a embarcação e iniciaram suas atividades, mas ambos os casos as sobreviventes do câncer de mama não foram o foco principal.

 

“E dizer que eu sobrevivi. O futuro eu não sei, mas o que importa é que hoje eu estou viva e com saúde.

E por que eu abri estes parênteses para explicar isso? 

Porque esse foi o longo caminho que percorri para chegar até o International Breast Cancer Paddler’s Commission (IBCPC), cujo trabalho oferece as bases para o que estaremos apresentando agora“. 

Larissa Lima, atleta e presidente da Associação Canomama.

 

Quando pela primeira vez o International Breast Cancer Padller’s Commission (IBCPC), cumprindo sua missão de levar os benefícios do programa do médico canadense Dr. Donald McKenzie trouxe para a América Latina, inicialmente na Argentina e depois no Brasil, uma semente no coração das sobreviventes do câncer de mama e segue dando inúmeros frutos, através da canoagem coletiva no estilo Dragon Boat. Na atualidade, há remadoras rosa em quase todos os países latinos americanos.

A informação de que havia um movimento global de prática de atividade física e a prática da canoagem coletiva no estilo Dragon Boat para as mulheres sobreviventes do câncer de mama, alcançou os adeptos da canoagem brasileira e foi um divisor de águas na formação das equipes nacionais. 

Estava eu, Larissa Lima, entre uma quimioterapia e outra, quando recebi uma visita do meu amigo e treinador Marcelo Bosi. Ele trazia em suas mãos informações de esperança, através das atletas Adriana Bartoli e Cleusa Alonso, na possibilidade de desenvolver um projeto com mulheres sobreviventes de câncer de mama. E sem pestanejar ele falou: “essa não é minha missão, mas eu sei de quem é”. E por isso veio até mim. Eu estava semi morta, não sabia ao certo o que o futuro me esperava, mas aquela notícia foi uma bomba de esperança em meu coração e eu entendi que se sobrevivesse, iria implementar esse projeto tão lindo.

Após o término do tratamento, entrei em contato com o Marcelo Bosi, juntamente com a Fisioterapeuta Oncológica Nádia Gomes, o Educador Físico Tissiano e iniciamos a busca por material científico, pesquisas, para que pudéssemos construir um projeto piloto. Foram árduos seis meses de pesquisa, visitas, conversas e muita leitura até que finalmente o projeto ficou pronto.

Reunimos um grupo de doze sobreviventes do câncer de mama e iniciamos o trabalho, e de forma mágica, todas ficaram apaixonadas pela prática da canoagem coletiva, e resolveram criar a Associação Canomama, que até hoje segue, fomentando e desenvolvendo o trabalho para que mais e mais mulheres sejam beneficiadas pela prática, antes iniciada por Dr. Don McKenzie, em Vancouver, Canadá.

Assim, com muito orgulho, no dia 8 de março de 2016, Dia Internacional da Mulher, foi lançada a equipe de sobreviventes do câncer de mama no Brasil, formando um grupo pioneiro na utilização da canoagem estilo dragon boat, como promoção da qualidade de vida e adotando o programa do Dr. Don McKenzie, reconhecidamente firmado pelo IBCPC, como o primeiro time de remadoras rosa formado no Brasil.

O trabalho desenvolvido pelo time em sua Associação pretende ser uma importante ferramenta para promover a prática esportiva como reabilitação da mulher após o tratamento do câncer de mama e também chamar a atenção da população para os problemas de promoção e prevenção à Saúde da Mulher, além do diagnóstico e tratamento do câncer de mama no Brasil.

A equipe Canomama é formada atualmente por 72 sobreviventes do câncer de mama, e conta com o apoio de um grupo formado por um educador físico, instrutor de canoagem, fisioterapeuta, psicólogo, nutricionista e médico. Todos são voluntários do projeto. Além disso, conta com o suporte da Escola de Canoagem CPP Extreme Canoe Club, do Clube ASCADE e da clínica Oncology Vital, em Brasília, Distrito Federal, Brasil.

É reconhecido que o desenvolvimento desse Projeto Social tem fantástica repercussão na qualidade de vida, autoestima, condicionamento físico e prevenção de doenças para todas as beneficiárias.

O caminho da renovação e transformação através desse trabalho voluntário é o que orienta os passos da Associação Canomama a seguir em frente com a forte determinação em fortalecer o Movimento Rosa do Brasil, que através do incansável trabalho da atleta Cleusa Alonso, forma inúmeros times de mulheres sobreviventes do câncer de mama pelo Brasil afora. Nossa meta é que nossa voz seja mais alta lembrando ao mundo que existe vida após o câncer e vida vivida plenamente com amor e gratidão.

Um grande marco para a Associação Canomama e Remadoras Rosa do Brasil foi o evento 1º Festival de Dragon Boat de Mulheres Sobreviventes do Câncer de Mama e 1º Encontro Nacional de Remadoras Rosa, ocorrido em 26 a 29 de outubro de 2022, data escolhida para comemorar o Mês de Conscientização da Prevenção do Câncer de Mama, o Outubro Rosa.

Tudo começou com o desejo de fazer o festival planejado, organizado e gerido por mulheres sobreviventes do câncer de mama, portanto, muitos desafios seriam encontrados pela frente. 

Eventos esportivos na maioria das vezes são organizados e pensados por um empresário do ramo e com uma visão lucrativa. O festival que tínhamos em mente era uma verdadeira arena de bem-estar e bem viver, que reuniria várias atividades ligadas entre si pelo Dragão, símbolo do câncer de mama no planeta terra, o Dragon Boat.

Nosso maior desafio era justamente esse, o Comitê que se formou eram todas mulheres sobreviventes do câncer de mama que nunca tinham sequer imaginado que assumiriam a responsabilidade de organizar um evento esportivo. Teoricamente, não sabíamos nada e nem por onde começar, mas mesmo diante de todas as dificuldades esse Comitê acreditou que era possível e levou adiante com o projeto.

Uma oportunidade concedida nessa caminhada para que pudesse aprender tratava-se da sincronicidade da vida. É que diante de uma missão, os caminhos e as portas se abrem e as oportunidades são reconhecidas. Foi exatamente assim que o planejamento, as reuniões e inúmeras conversas com diversas pessoas, tudo foi nos enriquecendo de conhecimento e o planejamento foi criando vida e propósito.

Sem nem um centavo no bolso iniciamos o trabalho, e quando abrimos as inscrições fomos surpreendidas com o desejo de 350 mulheres sobreviventes e 58 participantes entre eles treinadores, médicos e fisioterapeutas em participar desse evento com sete países diferentes. E aí o frio na barriga aumentou, e nós precisávamos fazer uma festa inesquecível e assim de forma espetacular, pessoas, profissionais, todo tipo de doação, ajuda, tanto financeira quanto institucional chegaram e de forma milagrosa, quando aparecia um problema, a solução brotava em um passe de mágica, e nós a cada dia que passava tínhamos a certeza de que seria inesquecível e incrível.

A Associação Canomama é uma entidade sem fins lucrativos, todo o trabalho voluntário, e com a ajuda espetacular da nossa Madrinha a Senadora do Brasil, Leila Barros, uma grande parte dos recursos financeiros necessários vieram através de emenda parlamentar junto ao Ministério dos Esportes do nosso querido Brasil. Contudo, os recursos essenciais foram sanados e os demais recursos vieram de uma verdadeira legião de pessoas, empresas, federações e confederações, embaixadas, governo federal e distrital, e todos juntos, literalmente provamos que o sonho se tornaria realidade, que o trabalho honesto sem lucro é possível, e encontramos inúmeros anjos que abraçaram nossos ideais. 

A realização desse evento constitui um marco histórico para as remadoras rosa brasileiras. Permanecendo na posição vanguardista a Associação Canomama – formada exclusivamente por mulheres sobreviventes do câncer de mama – foi a primeira equipe a organizar um festival de promoção à saúde, esporte e cultura, ou seja, remadoras rosa organizando um festival para remadoras rosa. E nosso papel de ineditismo, segue sendo também a primeira equipe esportiva a colocar a embarcação Dragon Boat para navegar nas águas do Lago Paranoá, em Brasília, Distrito Federal, Brasil. 

Foram quatro dias espetaculares nas águas do Lago Paranoá, onde recebemos as delegações da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Panamá, Estados Unidos e Canadá. Mulheres sobreviventes que compartilharam conhecimento, histórias, risadas e muita garra em bem viver através da canoagem coletiva no estilo Dragon Boat.

O festival foi marcado por atividades de formação com cursos teóricos e práticos de tamboristas, leme e técnicas básicas de remada em Dragon Boat. Tivemos regatas participativas entre as equipes e celebramos as que não sobreviveram com a Cerimônia das Flores.

Nesse festival oferecemos, exames de mamografia, reconstrução de aréolas, aulas de dança e expressão corporal dos povos polinésios, práticas integrativas relacionadas à autoestima e sexualidade, palestras educativas com temas de interesse da comunidade, apresentações culturais, festa pink de confraternização e feira de artesanatos.

O nosso primeiro festival também foi marcado por fatalidades e vicissitudes da vida em que nos oportuniza crescimento contínuo e por isso homenageamos e honramos a vida da remadora da equipe Brasileira UmaUma Sra. Vilma, que com sorriso no rosto, dançando nas nuvens, viveu um dia de rainha realizando seu sonho de remar em um barco dragão, encontrou os braços de Deus Pai. Descansou em sua breve jornada nesse planeta, com apenas 47 anos, mãe, amiga, trabalhadora, uma mulher de fibra e com grande energia.

Assim, termos realizado o Festival possibilitou que o caminho da cooperação, solidariedade, compaixão, alegria e trabalho árduo em prol de uma comunidade gera progresso milagroso e uma gratidão infinita. Esses sentimentos percorrem nossas veias e nos motiva a seguir em frente buscando realizar outros eventos, participar de eventos realizados por outras equipes e instituições e seguir espalhando nossa mensagem de esperança e amor. Portanto, “atenção, prepara posição de ataque, rema”!

A comunidade de remadoras sobreviventes no Brasil está cada vez mais sólida, e hoje, o movimento está em crescente expansão. Atualmente, são contabilizadas 18 equipes brasileiras de sobreviventes do câncer de mama. E a Associação das Remadoras Rosa do Brasil se constitui como a entidade responsável por fomentar a formação de equipes brasileiras e definir as diretrizes do movimento para seu desenvolvimento.  A fundadora, Cleusa Alonso, levou o Movimento Rosa para todas as regiões brasileiras. 

A Associação Canomama de Saúde, Esporte e Cultura do Distrito Federal, desde 2015, desempenha um trabalho biopsicossocial e esportivo, sem fins lucrativos, no acolhimento das mulheres sobreviventes do câncer de mama do Distrito Federal, através da prática da canoagem coletiva, no estilo Dragon Boat, conforme as orientações da Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa).

Com isso, a canoagem coletiva através do Dragon Boat, pelas mulheres remadoras sobreviventes do câncer de mama é uma modalidade de reabilitação pós-diagnóstica e tratamento oncológico.

E por todos esses motivos certamente novos festivais serão realizados, nossa comunidade crescerá, vamos atingir o objetivo de ter cada vez mais adeptas e assim a mensagem de esperança, bem viver e amor se espalhará.

Para tanto, nos fortalecemos e seguimos adiante agora com a perspectiva da organização do 2º Festival de Dragon Boat para Mulheres Sobreviventes do Câncer de Mama, que ocorrerá de 24 a 27 de outubro de 2024.

O Festival destinado às remadoras rosa ensina e amplia o compartilhamento de experiências exitosas, vivências individuais, colabora para o crescente movimento e fortalecimento de amizades. Fazer parte dessa história, coloca todas as remadoras latino-americanas na posição inovadora, vanguardista e eleva a condição do continente ascendendo o valor de um povo, de uma cultura e assim poder falar para o mundo sobre quem somos.

Larissa Lima

Presidente da Associação Canomama

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